sexta-feira, 18 de julho de 2008

Santa Serpente

FANTASIA É O QUE LIBERA A EMOÇÃO DE PODERMOS SONHAR SEM TERMOS RAZÃO.

Você trouxe a luz aos olhos meus
Será que ainda sou ateu?
Serpentes no paraíso
Onde não deviam estar
Corro perigo?
Cuidado, posso me apaixonar


Eu transformo em versos
Os gritos recolhidos
De um lugar perdido
Quase submerso


Meu voto de castidade
Nunca foi saudade
Sofri enquanto durou
Daquela vida
Na despedida
Nada restou


Rezei para esquecer
Minha santidade
Quanta crueldade
Tive que aprender


Subi ao altar
E provei o líquido vermelho
A minha imagem no espelho
Vi por demais saltar


Já são sete mil dias
Que parecem sete mil séculos
Ainda pareço benévolo
Mas vivo de maresias


Procurei conhecer o caminho certo
Mas ao certo
Nunca saberei
Se vou me arrepender
Nem se vou entender
Onde foi que eu errei


Santa Serpente
Minha forma é decadente
Procurei a verdade
Agora sou deformidade


São dias que só formam noites
E meu pernoite
Sempre latrinário
Ainda é diário


Meus momentos oníricos
Agora já não são mais ledos
Quanto desprezo
Vivo do lixo dos ricos


Sou um profano deste mundo ufano
Escassa é minha raça
Minha fortuna é a penumbra
E perfeito é o meu leito...

...de morte.

Um comentário:

HAMILTON BRITO... disse...

Diz o mestre Consa que o poeta não deve explicar o que escreveu, deixar que as palavras fluam e levem às mais variadas reflexões sobre o tema...mas fico pensando o que possa revelar um texto como este. Se eu n conhecesse o autor, que é um personna legal, alegre, inteligente, vivo, expontâneo, diria tratar-se de uma pessoa profundamente amargurada, introspectiva, alguém que vê o mundo com os olhos da reprovação.Como todo crítico tem que considerar sua verdade como relativa, então, nada de juizos absolutos.