quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Deus dos asnos
Há tempos não rezo mais
Mas enquanto isso
Descubro do que o ser humano é capaz
Você tem medo de morrer
E eu que você morra
Pois o meu querer
É que o acéfalo assuma a proa
Você tem medo da besta
Faz dela o maior pilar da igreja
Um bobo que pensa ser probo
E só me causa nojo
Vejo nas suas lágrimas
Rios de incertezas
Mesmo assim
Reza para que o mundo não tenha fim
Você canta hinos por temer a desgraça
Mas isso não disfarça a sua raça
Cria inúmeras pontes para o céu
Mas nesse lugar
Você será o principal réu
E não bastará chorar
Bebe do vinho na taça
Engole seus pecados como uma traça
Vivendo neste mundo
O ser pior dos imundos
Junte-se a mim e serei seu Deus
Dar-te-ei o lugar de Zeus
Não poupe seus joelhos no meu altar
Faça-os apenas sangrar
Não perca tempo com ladainha
Tire sua espada da bainha
Vamos o inferno tomar
E nenhuma alma vai restar
Você talvez não se lembre de mim
Mas estou sempre ao seu lado
Sou seu irmão alado
Aquele que vaga entre querubins
Sou seu ídolo de fogo
Desde quando você fez do calvário um lugar hilário
Sua fealdade veio do berçário
E agora você faz parte do meu jogo
Vou te levar onde nasce a escuridão
Ao lar das sombras
Onde nunca existiu Adão
E foram dizimadas as supostas Evas
Esta é a verdade brutal do ser anormal
Você será parte do reino das trevas
Onde prevalece sempre o mal
E isso durará por eras
Você talvez tenha medo das minhas palavras
Mas nada se compara ao medo que já senti
Sou o filho que foi rejeitado pelas coisas sagradas
Por isso não sou a hipocrisia que vem de ti
Reze por mim
E para que isto não tenha fim
Sou o talvez falso sagrado
E nunca quis ser quem você chama de amado
Porque eu jamais salvaria
Aquele que faz de mim
Mais um personagem de sua mentirosa idolatria
A. B.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Triste por ser triste
Sentado em um canto
Sem encanto
Sorrir... para que?
Já andei pelos quatro cantos do mundo
Sem saber por que
Todos meus temores se realizaram
Sonhos?
Findaram
Salta-me aos olhos a tristeza
Quanta aspereza
A vida me ensinou
Será que morri?
Ou deixei de existir em mim mesmo
Vivo a esmo
Parei de olhar para mim
Meu espelho?
Quebrou se e não faço parte mais de mim
Não vejo mais quem eu sou
Só penso em quem eu seria
Se você lembrasse
Da boca que beijou
Há sempre um estranho
Atrás dos meus olhos
E quando o olho
Vejo-o vegetando
Em um lugar sem tamanho
Sei da excelência da sua ausência
E sei mais
Sei de tudo que você é capaz
Conheço sua repugnância
Sua falta de tolerância
E o mal que você me faz
Conheci nesta vida cada ferida
Que o mundo nos traz
Posto no solo
Em um choro sem lenço
Só o silêncio
Leva-me no colo
Posto na fogueira
Que nunca foi lareira
Senti o ardor
Da sua falta de amor
Enveredando-me em seus nuances
Minha felicidade
Foi sempre de relance
Como sua lealdade
Triste por ser triste
Sou isso e nada mais
Isso é tudo que ainda resiste
A felicidade não me visita mais
Santa Serpente
Você trouxe a luz aos olhos meus
Será que ainda sou ateu?
Serpentes no paraíso
Onde não deviam estar
Corro perigo?
Cuidado, posso me apaixonar
Eu transformo em versos
Os gritos recolhidos
De um lugar perdido
Quase submerso
Meu voto de castidade
Nunca foi saudade
Sofri enquanto durou
Daquela vida
Na despedida
Nada restou
Rezei para esquecer
Minha santidade
Quanta crueldade
Tive que aprender
Subi ao altar
E provei o líquido vermelho
A minha imagem no espelho
Vi por demais saltar
Já são sete mil dias
Que parecem sete mil séculos
Ainda pareço benévolo
Mas vivo de maresias
Procurei conhecer o caminho certo
Mas ao certo
Nunca saberei
Se vou me arrepender
Nem se vou entender
Onde foi que eu errei
Santa Serpente
Minha forma é decadente
Procurei a verdade
Agora sou deformidade
São dias que só formam noites
E meu pernoite
Sempre latrinário
Ainda é diário
Meus momentos oníricos
Agora já não são mais ledos
Quanto desprezo
Vivo do lixo dos ricos
Sou um profano deste mundo ufano
Escassa é minha raça
Minha fortuna é a penumbra
E perfeito é o meu leito...
...de morte.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Revelações do seu mundo
Escreverei até sobre seus sonhos mais ocultos
Até mesmos os vulgos
Revelarei suas fantasias
Causar-te-ei histeria
Não terei pudor
Mesmo que cause dor
Buscarei ser claro
Sem atraso
Percorrerei cada labirinto da sua mente
Mesmo demente
Solucionarei seus mistérios
Mesmo incrédulo
Após seus adultérios
Os mais malévolos
Retalharei seus pensamentos
Vou vasculhar seus argumentos
Farei da sua vida
Um quebra-cabeça montado
Sem retardo
Todas as feras abatidas
Sou a voz do seu diário secreto
Trago a vida o monstro descoberto
Suspiro horrores ao seu ouvido
Vou ao seu íntimo
Causo feridas à suas dores
Sou o Calígula na sua torre
Mesmo a sete palmos
Arranco aplausos
Não vim aqui para falar a verdade
Mesmo com sinceridade
Escondo meu jogo
Causo-te nojo
Somei seus pecados
Vi o estrago
O brilho do seu sol
Pintei de negro
Maculei seu puro desejo
Do seu mais belo mol-
de de estátua
Fiz pedaços para sua mágoa
Você se pergunta
Quem sou eu
Eu vivo no seu breu
Vivo em tormenta
Não sou a realidade
Nem o pesadelo
Vivo do ensejo
Da sua falsidade
Sou seu verdadeiro eu
Aquele que você pensa que morreu
terça-feira, 1 de julho de 2008
quarta-feira, 25 de junho de 2008
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Dia de ser eu mesmo
Cheguei e só estava eu
Procurei por alguém e me encontrei
Resolvi pensar sobre mim
Então encontrei o que tanto temia
A fragilidade de ser eu mesmo
A arte da existência
Existir para ser alguém
Aquele alguém que procuramos todo dia
E só encontramos em nós mesmos
Resolvi então parar de pensar
Escutar
Escutei a chuva
E vi que podia me molhar de conhecimento
Entrei e me vi sentado ao lado do meu ser
Esse ser que tanto tento entender
Buscando palavras
Escolhendo a medida
Entendi então que ainda nada sabia.
A. B.
* Texto escrito no primeiro dia de aula na oficina de poesia.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Eu posso te falar a minha verdade. Eu acredito mais no inacreditável do que em qualquer outra coisa que você julgue verdadeira. Então acredite no inacreditável, e ele se tornará sua verdade do amanhã.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Uma palavra de amor
Haverá um dia em que eu possa falar sobre o amor
Mas como me falta inteligência suprema para tal
Resta me discorrer...
Quando dois corações se juntam
Ficam em estado de comunhão
Mas quando partidos, tornam-se milhares
E se juntam aos que também estão despedaçados
Fragmentam-se, e como um quebra-cabeça
Cabe a nós tentar juntar os pedaços
E colocar as pessoas certas em seus determinados lugares
Colocamos nossos corações no fogo
Aquele fogo que nos queima quando vimos a pessoa amada
E a razão do coração jamais será igual à razão da mente
Porque são dois mundos que só tem ligação quando não se ama
Aprenda a dizer que me ama de coração
Em alto e bom som
Atravesse as barreiras que aí estão
Seja livre para amar quem te estende a mão
Não pergunte quanto e como o amor pode amar
Apenas ame antes de pensar
A. B.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Sentido da vida
Um dia acordei pensando que
Era melhor nunca ter acordado
Mas vi que o sol sempre estava ao meu lado
Pensei em desistir
Mas quando vi estava apaixonado
Então comecei a sonhar
Sonhar acordado
E encontrei um motivo pra viver
Viver ao seu lado
O caminho da vida
Causou-me várias feridas
Mas nenhuma tão grande
Quanto à de sua partida
Na historia da vida
Vi minha despedida
Mas como obra do céu
Vi-te em seguida
Voltei a sorrir
Enchi-me de alegria
E então descobri
O sentido da vida
A. B.
Pequeno poema
No fim do mundo do amor
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Maníaco cômico depressivo
Seria eu um maníaco cômico depressivo
Absorto ao meu destino
Presente apenas em um fatídico jogo de cassino
Cuja sorte não me leva pela mão
Rara a sensação de razão
Pensamentos sempre na contra mão
Às vezes me cansa falar de amor
Porque aquele amor se esquece da minha dor
Prefiro direcionar-me ao meu vazio
Para entender o que não é compreendido
Quero fugir pra ficar com você
Mas às vezes sou áspero
Porém, meu amor é polido
Diz o que queria dizer
E acabe com este desprazer
Nas loucuras de amor
Sempre fui louco por você
A. B.
Despedida a sós
Naqueles dias saí pra me despedir de mim
Só que no caminho me perdi
Olhei pra trás e vi o nada
Aquilo que tanto me lembra você
Sonhei estar acordado
Mas nesse pesadelo fugir de você é impossível
Sonhos mortos, sonhos sem vida
Que formam um pesadelo em vida
Vida real, onde cada qual tem seu tormento
E eu vivo o meu sangrento
A. B.
Da minha vida
Aprendi que não sei viver
E mesmo quando soube
Errei para aprender
E de errar
Acabei amando mais
Amei mais você
Amei mais por você
Toda vez que algo perdi
Cheguei mais perto de você
E ali me acolhi
Não houve lugar mais lindo
Que o seu coração
Porque ali
Seguro me senti
E nos dias tristes
Ajoelhei-me e chorei
Enxuguei as lágrimas
E novamente te olhei
A. B.
Amor...
O que é o amor?
Um simples sentimento
Simples?
Coisa abstrata, não pode se pegar
Mas quando ele pega você...
O coração dói, bate mais rápido, quase para
Os olhos brilham
Caem lágrimas
Será que o verdadeiro amor já amou de verdade?
Sentiu o que ele proporciona?
Talvez mudasse de idéia
Fosse mais ameno
Não nos arrancaria a razão
Não nos colocaria tão perto do chão
E não nos levaria as nuvens em tão pouco tempo
Sem tempo de respirar
Sem tempo de pensar
E cada vez mais o amor não abre mão
Toma todo o coração
Fazendo nos pular e um abismo
Para encontrar a solução
Quando tomamos conta
Ele já tomou conta
E por conta disso já não nos vemos no espelho
Vemos a outra pessoa, o eu alheio
Aquela pessoa q faz nosso coração falhar
E as falhas do coração comprometem a alma
E a alma nunca descansa enquanto não encontra seu amor no outro plano
E com o plano de não amar... Aprendi a sofrer mais e mais
Deixar o coração bater por alguém
Significa viver mais
Mais feliz
Aquele sempre a mais que te quis
Só pode definir o amor quem nunca soube o que é amar...
A. B.
A vida no palco da vida
Quando nascemos
Temos uma única atuação
Um único ato
No palco da vida
E essa cena dura enquanto duramos
Temos um único pensamento
E mesmo quando o esquecemos
Adormecemos
Liga se com outros pensamentos
Mas nunca deixa de ser a cena principal
Às vezes mocinhos
Às vezes bandidos
Mas somos sempre feridos
A. B.
A poesia certa
Busco a poesia que tenha emoção
Que seja feita com um pedaço da alma
E outro do coração
Que venha de uma mente
Cuja semente seja pura magia
E deixe transbordar
Ensine a amar
Não tenho o dom
Nem tempo
Mas tenho o sentimento
Que preciso cuidar
Aqui cabem mil palavras
Mas nenhuma que te faça
Entender como sou
Sou plebeu
Não escrevo a patrícios
Não me dou ao luxo
De jogar minhas palavras
Na boca do lixo
Quando o silêncio me toma a alma
Procuro as palavras certas
Para com alegria entonar
Busco a velha melodia
Que sempre trouxe harmonia
Para que todos os dias
Eu possa cantar
E no fim de meus dias
Lerei uma poesia
E se você a escutar
Não pensará em chorar
Na minha partida
Subirei a colina
E lá de cima
Para você vou acenar
Do outro lado da vida
Saberei que um dia
Fiz o que devia
Que foi escrever essa poesia
Para você de mim sempre lembrar
A. B.